"A falta de desejo e excitação agrava-se nas mulheres à medida que a idade avança", explicou o urologista Manuel Mendes da Silva, garantindo que "ainda estamos muito atrasados" em termos de terapêuticas dirigidas às mulheres.
O Sexólogo Bruno Inglês diz que é muito difícil termos acesso a uma estimativa real da percentagem das mulheres portuguesas que conseguem atingir o orgasmo, exactamente pela diferente experiência subjectiva que o orgasmo constitui. Ou seja, muitas mulheres têm orgasmos, até vários, mas não o sabem identificar, ou porque são pouco intensos ou porque têm expectativas irreais sobre o orgasmo.
À pergunta se ainda existem muitos mitos sobre a sexualidade e, em particular, em relação ao orgasmo, ele responde que atingir sempre o orgasmo, em todas as relações sexuais, é um mito gerado em torno da sexualidade feminina, em muito para a "colar" à masculina. Na verdade, não é sequer necessário atingir o orgasmo para se ter prazer durante a relação sexual.
E à pergunta de qual a importância para a sexualidade do Dia do Orgasmo, responde que estes "dias internacionais" têm o mérito de chamar a atenção para alguns problemas e levar as pessoas a procurar ajuda. É evidente que também é muito redutor, pois o orgasmo constitui apenas uma pequena parte da sexualidade e da resposta sexual humana.
A segunda notícia é sobre uma mulher que vai receber 50 mil euros de indemnização por danos resultantes da impotência do marido após um acidente de viação. A decisão é do Supremo Tribunal de Justiça, que condenou a seguradora do veículo responsável pelo acidente por danos irreparáveis e definitivos na vida do casal.
Segundo o acórdão proferido em Maio, a indemnização diz respeito à qualidade de vida da mulher do lesado, que em 2001 - quando ocorreu o acidente - tinha 25 anos. De acordo com o juiz-conselheiro Paulo Sá, relator do acórdão, a mulher "ficou profundamente afectada, os seus direitos conjugais amputados numa parte importante para uma mulher jovem e o seu projecto de ter mais filhos irremediàvelmente comprometido".
Por causa do acidente, argumenta o tribunal, a tranquilidade da vida do casal "tem resultado prejudicada pelos ciúmes "do homem em relação à mulher e esta, face à impossibilidade de obter qualquer relacionamento sexual com o marido,"passou a ser acometida de permanente desgosto, apreensão pelo seu futuro, angústia, insatisfação, irritabilidade fácil e revolta".
Segundo o processo, "basta que uma (das pessoas) se veja lesada fìsicamente ou no desempenho sexual para que a outra, que mantém com ela uma comunhão de vida, se veja, pelo mesmo acto, directamente lesada no seu direito à sexualidade com aquela concreta pessoa.
O acidente ocorreu a 2 de Novembro de 2001, em Viana do Castelo, altura em que o homem desempenhava a profissão de motorista de pesados. Devido ao embate de um veículo, ficou entalado entre o camião e um muro. Vai receber 370 mil euros de indemnização por danos futuros e não-patrimoniais.
Apesar de 8 cirurgias já efectuadas, o homem ficou incapacitado. As complicações sofridas resultaram numa impotência sexual absoluta e definitiva.
A reacção desta mulher indemnizada por impotência de seu marido confessou que tinha "pouca fé em que o tribunal a indemnizasse, mas considero que a decisão é completamente justa e só peca por escassa".
"Preferia ser pobre toda a vida do que ter de receber este dinheiro, porque não há nada que pague a saúde. Mas já que o acidente aconteceu, penso que é justo eu ser também indemnizada, porque, no fundo, o acidente mexeu com toda a família e não apenas com o meu marido".
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