A saúde , é património de cada um e da própria sociedade.Tem a ver com a cultura: hábitos, usos e costumes. Do comer ao vestir, do habitar ao passar o tempo, do beber ao dormir, do fazer ao não fazer. Forma subtil de abordar estes problemas é consultar a fonte de sabedoria e herança espiritual que, dos séculos, nos chegou sob a forma de MÁXIMAS, SENTENÇAS E ADÁGIOS.
O que dizia a ciência da nossa tradição oral acerca da melhor maneira de ser saudável e viver sem doenças o mais tempo possível? Em primeiro lugar, podemos analisar a prevenção das moléstias, porque MELHOR DO QUE CURAR É NÃO FICAR DOENTE. Como acautelatórios, prescreve o rifoneiro, relativamente, por exemplo, a frialdades e humidades:
Dormir com a janela aberta é constipação quase certa;
Um dia frio outro quente, logo um homem é doente;
Se a tua casa é húmida, abre conta na botica.
Mas a receita mais radical para não ficar doente é:
Foge do frio, do porcino, da botica e do remédio. (O que faz lembrar o conselho do velho agiota segundo o qual quem quiser ser feliz não pratique nem o bem nem o mal!).
De tudo resulta que as boas condições de habitação são fundamentais à saúde:Portanto e resumindo:
Onde entra o sol não entra o médico.
E, como se diz que pela boca morre o peixe, a propósito dos hábitos de comer à tripa-forra lautas jantaradas, avisa a tradição (sem rodeios):
Encurtar a ceia, alongar a vida;
De quedas e ceias estão as sepulturas cheias;
Carne e peixe na mesma comida, encurtam a vida.
Depois, para evitar enfartamentos e más digestões, aconselha remédio incomparável:
Levanta-te às seis, almoça às dez, janta às seis, deita-te às dez, e viverás dez vezes dez.
Convém, até, fazer descansos ou exercícios depois do almoço e do jantar, por razões que, nesta vida apressada, a gente esqueceu:
Depois de comer nem uma carta ler;
Depois de almoçar, deitar, depois de cear passos dar.
Às pessoas idosas, que gostam dos prazeres do garfo, o rifoneiro adverte - sem dó nem piedade:
Se és velho comilão, encomenda o teu caixão.
Mas não só a comida em demasia abala a saúde.Há outros malefícios (falando ao jeito das campanhas actuais):
Tabaco e águas ardentes transformam os sãos em doentes.
A fruta verde é também um risco (coisa que dantes se aprendia desde muito cedo):
Livra-te da fruta mal sazonada que é peste disfarçada.
Quanto a curas e tratamentos, o adagiário avisa com algum pessimismo (que infelizmente sabemos ser verdadeiro nos tempos que correm):
Quem tem doença abra a bolsa e tenha paciência;
Erros de médico a terra os cobre.
E relativamente aos remédios - que tanto fazem bem a umas coisas como pioram outras - ficamos sabendo que:
Com o que sara o fígado enferma o baço.
Bom, realmente o melhor dos melhores é a seguinte verificação quotidiana,prosaica, simples e barata:
Quem bem urina, escusa a medicina.
Também no respeitante ao diagnóstico das doenças, a boa sabedoria é sagaz quanto à observação das mazelas pelo ar das pessoas:
Quem mal padece mal parece;
A doença e a dor, conhecem-se na cor;
Doença de tordo, rosto magro,corpo gordo.
Tudo isto fundamentado em que:
O mal e o bem à cara vem.
Mas ainda pior sintoma é o seguinte:
Sangue pela boca nem das gengivas.
Realmente o óptimo seria não ter doenças, já que aparecem sùbitamente e às vezes são como carraças para nos livrarmos delas.É assim:
A doença vem a cavalo e vai a pé.
Ou então:
A doença vem às braças e vai às polegadas.
Mas, céus! Mais pessimista e desencantada é a verdade a que, não raro, na nossa precaridade, temos que nos submeter:
Sangrai-o, purgai-o e, se morrer, enterrai-o.
E (o que é mais desconsolador):
Quando o mal é de morte, o remédio é morrer.
Para evitar conclusões melodramáticas, podemos adiantar uma sentença optimista. Afinal a saúde é o bem mais precioso que deve (e pode) ser cuidado e conseguido:
Doença bem tratada pouca vezes é demorada.
E, sobretudo, não se esqueçam de que:
Saúde e alegria, beleza cria.
Tenham, portanto, boa saúde e vivam o melhor possível.
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